Escreveu e desenhou a biografia de Eusébio, um dos maiores sucessos de vendas dos quadradinhos nacionais (disponível neste blog).
Eugénio Silva, autor de BD, ilustrador, publicitário e aguarelista faleceu no último dia de 2022, com 85 anos, sendo mais um nome a acrescentar a uma lista que este ano foi invulgarmente longa.
De seu nome completo Eugénio Rafael Pepe da Silva, nasceu no Barreiro a 25 de Fevereiro de 1937, tendo estudado Artes Decorativas na Escola António Arroio, em Lisboa, de onde saiu com o diploma de Desenhador-Gravador-Litógrafo, em 1954.
A sua primeira experiência profissional foi exactamente como gravador-litógrafo, tendo depois passando pela publicidade e pela ilustração, onde se destacam as capas que faz para romances de Emilio Salgari, Alexandre Dumas e Wenceslau de Moraes.
A sua carreira na banda desenhada iniciou-se em 1965, com "Amoni", uma adaptação de um conto da literatura do Antigo Egipto, publicada no suplemento "Nau Catrineta", do "Diário de Notícias". Seguiram-se colaborações com a revista "Pisca-Pisca", entre as quais "A Gruta dos Três Irmãos", com argumento de Mercês Soares.
Nesta área, uma das obras mais curiosas da sua bibliografia é "Lições de História Pátria - 3ª classe", com texto de Pedro de Carvalho, um livro didáctico lançado no final dos anos 1960, com muitos episódios históricos em banda desenhada, que foi várias vezes reeditado ao longo da década seguinte.
Das suas publicações em álbum destacam-se "A História Pequena do Vidro" (Companhia Vidreira Nacional,1982), "Matias Sándor" (Editorial Pública, 1983), uma adaptação do romance de Jules Verne e "Eusébio, Pantera Negra"(Meribérica, 1990). Este último, uma biografia daquele que era à época considerado o maior futebolista nacional de todos os tempos, foi um dos grandes sucessos de venda dos quadradinhos nacionais, tendo sido reeditado pela Arcádia em 2014.
"Inês de Castro... a que despois de morta foy Rainha", (Pública, 1994), "História de Seia - A Porta da Estrela" (Âncora, 1999), "Família Ideal: O Sonho do Rapaz da Boina"(Edições
Paulinas, 1999) ou "O Crime de Arronches" (Câmara Municipal de Arronches, 2009) são outros dos seus trabalhos em álbum.
Dono de um estilo semi-realista, rigoroso e dotado de dinamismo, baseou as suas obras numa pesquisa acurada, o que lhe permitiu reproduzir um retrato fiel das diferentes épocas que as suas obras abordaram.
"Zé do Telhado, de Lanceiro a Salteador", foi a sua última obra, editada pela Calçada das Letras, em 2020.